Nova Capital

Conto Gênero: Ficção


Capítulo Um - Céu vermelho e azul

 Estava muito enjoado mesmo depois de se passarem os três dias de adapção, meu olhos ardiam e eu mal enchergava minhas mãos, mas mesmo assim pude distinguir o tão falado céu, uma aurora boreal sem fim, uma linda combinação de cores onde o vermelho e o azul se destacavam. Olhar para este céu me ajudou bastante a suportar a agonia que era respirar. O aparelho de respiração me provia oxigênio mas incomodava muito pois misturava com o ar do ambiente para que meus pulmões se acostumassem. Achei estranho em não ver nenhuma nuvem no céu, achei que pudesse ser devido a estação do ano em que chegamos, anotei em meu tablet para questionar o professor mais tarde. Quando a enfermeira entrou no quarto eu parecia ter acordado naquele instante mas já estava assim contemplando o céu a algum tempo e nem a vi entrar. Mal lembrava meu próprio nome de tão confusa que estava minha mente, Dr. Warren Castle, phd em física, escritor de ficção nas horas vagas e um péssimo mas insistente jogador de golfe virtual. "O senhor sente-se bem? Acredito que o energético esteja fazendo efeito", disse ela, sua voz ecoando pelo quarto vazio onde haviam apenas minha unidade de recuperação e os aparelhos médicos."Estou com uma dormecia estranha nas mãos", respondi, minha voz saiu tão rouca que nem parecia ser eu falando."É normal doutor, já injetamos os nano-robôs para acelerar a sua recuperação, a dormencia faz parte da adaptação a eles". Eu olhei para a janela e perguntei rindo por imaginar a resposta, "como esta o tempo lá fora? chuvoso?". Ela olhou para baixo com um sorriso e respondeu com voz risonha "aqui nunca chove como o senhor bem sabe doutor, apenas chuvas artificiais nas estufas". As estufas são como são chamadas as cidades coloniais neste planeta, o governo as chama assim porque se parecem com uma estufa de plantas gigante, foram implementadas depois da baixa de pessoas que queriam vir para a colônia, elas não se adaptavam com o ambiente, principalmente com o céu mudando de cor e sem chuvas ou sem um sol visível. Dentro delas existe um holograma que imita o céu terrestre simulando inclusive as mudanças de tempo."Bom, mande preparar então minha unidade de transporte, não confio nos equipamentos da Vortex Tech, eles nunca fizeram um teletransporte decente na Terra e um acordinho com o governo não vai mudar isso" Vesti minhas roupas com a mesma dificuldade de uma criança, dei uma ultima olhada pela janela e me encaminhei para o deck passando pelos longos corredores do Hospital Central da Nova Capital, o maior da estufa central, me sentindo melhor a cada segundo graças ao energético. Fiz questão de enviar minha propria nave, ela chegou seis meses antes de mim e passou por reparos e alguns upgrades. A ignição suave me alegrou tanto que fiz um carinho em seu display como um jóquei acaricia seu cavalo que fez seu salto perfeitamente, mas ainda não estava me sentindo seguro para pilotar manual e liguei a Selma, minha piloto automático. "Ajustando mapas e sincronizando dados. São 08:45, horário da Terra. Bom dia Sr. Warren.". "Bom dia Selma, me leve para a capital e ligue o mute, preciso de paz." Obediente Selma lançou-se ao ar sem nenhum anuncio. Alcancei os céus de Antara rapidamente e ajustei o curso para que fosse o mais alto possível para contemplar aquele céu que a pouco só podia ver pelo vidro do quarto. Era lindo e inebriante, a nave voava suave e cortava as cores como um avião corta as nuvens, esqueci completamente para onde estava indo por alguns minutos quando ao longe pude ver uma cupula enorme e negra com seus tubos gigantescos para fora, toda iluminada. Apesar da aparencia sinistra em meio ao deserto de cor vermelha era como um oasis para qualquer ser humano neste planeta. Pedi autorização e Selma aproximou a nave para pousar. Um calafrio correu na espinha, havia me lembrado o porque eu estava aqui.

Fim do primeiro capitulo.

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